Obra compila as escrituras de venda e compra de pessoas escravizadas na região de Araraquara, obtidas no 1º Tabelião do município
A 5ª Subseção da OAB SP, juntamente com o Centro de Referência Afro “Mestre Jorge” da Prefeitura de Araraquara, Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB) da Universidade de Araraquara (UNIARA), Academia Araraquarense de Letras, Núcleo Negro da UNESP para pesquisa e extensão (NUPE), Frente Parlamentar Antirracista da Câmara Municipal de Araraquara e Serviço Social do Comércio (SESC), lança no próximo dia 24, no auditório do SESC Araraquara, o livro “A História Comprovada: Fatos reais e as dores da escravização araraquarense”. O evento ocorrerá às 18h30.
A obra compila as escrituras de venda e compra de pessoas escravizadas na região de Araraquara, obtidas no 1º Tabelião de Araraquara, após autorização do juiz-corregedor.
Araraquara é uma das poucas cidades no Brasil que manteve os livros preservados, tendo em vista que em 1.890 houve ordem governamental para que todos os registros fossem queimados, o que de fato ocorreu na maioria das cidades brasileiras.
Descoberta a existência do material no ano de 2015, iniciou-se um procedimento para extração do conteúdo do cartório, o que só foi finalizado no ano de 2022, após atuação da 5ª Subseção da OAB SP perante o juiz-corregedor da Serventia Extrajudicial.
Assim que foram obtidas as cópias dos livros cartorários, a OAB Araraquara organizou, com a participação de diversos órgãos, o lançamento de uma obra contendo cópia integral das escrituras.
A obra é organizada por Alessandra Laurindo, Coordenadora de Políticas Étnico-Raciais da Prefeitura de Araraquara; Cláudio Claudino, Vice-Presidente da Comissão de Combate à Discriminação Racial da 5ª Subseção da OAB SP; Edmundo Oliveira, Coordenador do NEAB da Universidade de Araraquara; Felipe José Maurício de Oliveira, Presidente da 5ª Subseção da OAB SP; e Fernando Passos, Coordenador do Curso de Direito da UNIARA.
Diversas pessoas e órgãos prefaciaram o livro, além dos organizadores: Prefeito de Araraquara, Diretor do SESC São Paulo, Presidente da Câmara Municipal de Araraquara, Juíza Diretora do Fórum do Trabalho de Araraquara, Promotor do Ministério Público de São Paulo, Procurador da República, Defensor-Público Coordenador da Unidade de Araraquara, Comissão da Verdade Sobre a Escravidão Negra no Brasil, Juíza Federal Diretora do Fórum Federal de Araraquara, Deputada Estadual e outros estudiosos e representantes da causa antirracista.
O trabalho foi estruturado contendo em seu início os prefácios, seguidos pela cópia integral das escrituras obtidas, vindo na sequência a transcrição parcial dos textos manuscritos dos livros e por fim cópias dos documentos referentes ao procedimento adotado perante a Corregedoria do Tribunal de Justiça de São Paulo para obtenção dos documentos.
O livro será lançado como e-book e será gratuito. O link para download do arquivo PDF será disponibilizado pelos organizadores no dia do lançamento, e será divulgado em nova matéria neste Jornal da Advocacia.
A editora comercializará também uma edição física, pelo preço de custo, para quem desejar uma via física da obra. Nenhum valor será revertido em favor dos organizadores da obra.
Segundo o presidente da OAB Araraquara, Felipe Oliveira, o livro é uma riquíssima fonte de pesquisa primária, permitindo que se faça um raio-x do período da escravização na região de Araraquara, bem como permite que outras pessoas, em outras cidades, busquem material semelhante. “O livro contém informações chocantes, como a comercialização de crianças e os selos oficiais do Estado, que recolhia imposto sobre cada transação de ser humano realizada à época”, explica.
