Skip to main content
CarrosselNotícias

‘O nome do século 21 é um nome de mulher’, diz presidente da OAB SP

By 15 de março de 2024No Comments

Patricia Vanzolini destacou o preparo das mulheres para cargos de liderança e apresentou projetos da Ordem paulista focados na igualdade de gênero em conferência de Curitiba

Cinco mulheres, líderes de cinco Secionais diferentes, mas com histórias de luta muito parecidas. O painel “Gestão por Elas”, que abriu o segundo dia da IV Conferência Nacional da Mulher Advogada, em Curitiba, expôs as trajetórias das únicas cinco presidentes de Secionais da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). A presidente da Ordem paulista, Patricia Vanzolini, destacou, entre outros aspectos, o preparo da mulher para assumir cargos de liderança, e ainda deixou um recado aos homens. “Eu não tenho dúvida de que o nome do século 21 é um nome de mulher. Homens, vocês dominaram o mundo por muitos milênios e não deu completamente certo. Deixa a gente tentar”, enfatizou. 

O debate teve a participação de Marilena Winter, presidente da OAB Paraná; Gisela Cardoso, presidente da OAB Mato Grosso; Daniela Borges, presidente da OAB Bahia; e Cláudia Prudêncio, presidente da OAB Santa Catarina. A moderação foi de Milena Gama, secretária-geral adjunta do Conselho Federal.

Marilena Winter, Gisela Cardoso, Milena Gama, Daniela Borges, Cláudia Prudêncio e Patricia Vanzolini durante painel nesta sexta-feira (15)

Primeiro, as presidentes contaram um pouco de suas histórias até chegarem ao comando das Secionais. Em sua apresentação, Vanzolini explicou que teve que romper muitas barreiras.

“Quando eu resolvi me aventurar a entrar numa chapa de oposição para concorrer à presidência da maior Secional do Brasil, contra tudo e contra todos, contra todas as chances e expectativas, é porque eu queria promover mudança real. Eu queria uma OAB democrática, aberta, verdadeiramente antimachista, antirracista, inclusiva e  justa com o interior e Subseções”, afirmou.

Marilena, Gisela, Daniela e Cláudia falaram sobre as dificuldades de conciliar inúmeras responsabilidades, como mães, advogadas, professoras, com as funções desempenhadas no sistema OAB. Elas também relataram episódios em que o machismo e o preconceito – incluindo o preconceito de mulheres – provocaram reações de força e resiliência, fundamentais em suas carreiras.

A presidente da OAB SP reconheceu semelhanças entre a sua trajetória e a das outras presidentes. “Nenhuma de nós era o cavalo vencedor dessa corrida, mesmo assim nós estamos aqui. A marca da nossa gestão é a marca de quem não sabe ouvir ‘não’”, destacou.

“Quando diziam que ‘uma mulher não pode usar cabelo branco, porque vai ficar velha, fora do mercado’, eu disse assim: ‘então, nós vamos fazer’. E quando disseram que mulher de 45, 48 anos não podia ter filho porque é um absurdo e esse era meu grande sonho, eu fui lá e fiz”, contou Patricia Vanzolini, sob muitos aplausos de um auditório com três mil mulheres. 

A mediadora Milena Gama fez algumas perguntas às palestrantes. A questão dirigida a Patricia Vanzolini foi sobre a diferença entre a gestão de homens e mulheres. A presidente da Ordem paulista explicou que considera a pauta da igualdade como abordagem central na gestão de mulheres.

Ela também apresentou um vídeo com o resumo de mais de 20 ações da OAB SP com foco na mulher e na igualdade, como as recentes regras de paridade de gênero e equidade racial nas indicações do Quinto Constitucional, a criação das medalhas “Esperança Garcia” e “Tereza de Benguela”, e o ato pela indicação de uma mulher negra ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Nós, mulheres, não representamos somente a metade da humanidade chegando onde é nosso por direito, nós representamos a chegada de uma mudança de pensamento, de paradigma. Uma coragem para mudar as estruturas que foram erigidas sob o molde do patriarcado e de mexê-las profundamente”, ressaltou.

IV Conferência Nacional da Mulher Advogada

Com o tema central “Evolução e Protagonismo”, este grande encontro da advocacia feminina foi realizado pelo Conselho Federal da OAB, por meio da Comissão Nacional da Mulher Advogada (CNMA), nos dias 14 e 15 de março, em Curitiba (PR). O objetivo da Conferência foi debater as principais bandeiras do universo feminino frente aos desafios da advocacia contemporânea.

Oito lideranças femininas da OAB SP participaram dos painéis e reuniões da Conferência: a presidente Patricia Vanzolini; a secretária-geral Daniela Magalhães; a secretária-geral adjunta, Dione Almeida; a presidente da Comissão das Mulheres Advogadas, Isabela Castro; a presidente da CAASP (Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo), Adriana Galvão; e as conselheiras federais Alessandra Benedito, Daniela Campos Libório e Silvia Souza.

Nos dois dias de evento, foram realizados 26 painéis sobre temas relevantes para a classe, como prerrogativas da mulher advogada, comunicação persuasiva, marketing jurídico, uso da inteligência artificial na advocacia, mulher na política eleitoral constitucional, reforma tributária, trabalho de cuidado e invisibilidade, gestão de escritório, assédio, etarismo, lawfare de gênero, enfrentamento ao racismo, novos nichos de mercado, governança e ESG, entre outros. 

Também foram programadas oficinas para aprendizados práticos em diferentes áreas, como advocacia criminal, carreiras jurídicas, advocacia com perspectiva de gênero, advocacia trabalhista, sustentação oral, direito das famílias, liderança e precificação de honorários. 

Advogadas paulistas marcaram presença na Conferência