No painel realizado em uma das maiores feiras de tecnologia da América Latina, o vice-presidente da OAB SP abordou os desafios e possibilidades da tecnologia na advocacia, bem como os requisitos aos operadores do Direito no futuro
Nesta terça-feira (3), o vice-presidente da OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo), Leonardo Sica, esteve participando do painel “Os impactos da inteligência artificial no judiciário”, realizado no primeiro dia da Futurecom 2023.
A feira é um dos maiores eventos de tecnologia, inovação, conectividade e relacionamento B2B da América Latina, e trouxe neste ano uma trilha de conteúdo específica para os temas relativos ao universo jurídico.
O primeiro tema a ser discutido foi a inteligência artificial, vista como um dos temas mais importantes do momento para o mundo jurídico. Além de Leonardo Sica, o painel também foi composto pelo advogado e pesquisador da PUC-SP, Fábio Rivelli; o advogado e presidente da ANADD (Associação Nacional de Advogadas(os) de Direito Digital), Ricardo Castro Cajazeira; com a mediação de Ademir Piccoli, CEO da Jurídico Exponencial; e a colaboração à distância de Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR.
O painel definiu como ponto de partida fundamental o debate acerca da ética no uso da inteligência artificial, aspecto que não é exclusivo da advocacia ou do judiciário, mas visto por todas as profissões no contexto de desenvolvimento das tecnologias no pós-pandemia.
Para os palestrantes, entender os limites das ações automatizadas é importante para conceber e aplicar a tecnologia como elemento potencializador do ser humano, e não substitutivo, atribuindo à inteligência artificial o objetivo de auxiliar o sistema de justiça, em especial o brasileiro, que é marcado pela sobrecarga.
Dentre os principais desafios apresentados, destaca-se a dificuldade em engajar e envolver a advocacia no debate regulatório sobre o uso da inteligência artificial. Segundo Leonardo Sica, o ambiente de discussão hoje é composto majoritariamente pela classe judiciária, o que compõe uma visão restrita do tema.
Outro ponto importante destacado por Leonardo Sica é o entendimento de que a demanda do judiciário brasileiro por si só não é um problema, sendo fundamental ao ser humano o direito à justiça. Para o vice-presidente da OAB SP, as capacidades devem ser ampliadas e melhoradas, e os recursos tecnológicos, que permitem a digitalização dos processos e audiências on-line, podem ser de grande ajuda: “a inovação digital é um instrumento importante para ampliação do acesso à justiça”
Por fim, Sica destacou a importância da especialização e formação especializada da advocacia, que deve se atualizar e aprender a fazer uso das tecnologias, relembrando também as iniciativas mais recentes da OAB SP na área, como o Marketplace de Lawtechs e o Sandbox Regulatório.
“O futuro das profissões vai pertencer ao ‘homem-máquina’, isto é, aos profissionais que sabem trabalhar em conjunto com a tecnologia”.