Em reportagem da Folha de S.Paulo que abre o mês da Consciência Negra, diretora secretária-geral adjunta reforçou medidas recentes da entidade em prol do reconhecimento de uma advocacia cada vez melhor representada
Em entrevista à Folha de S.Paulo, a diretora secretária-geral adjunta da OAB SP, Dione Almeida, salientou os esforços recentes da entidade para tornar a OAB SP mais inclusiva como um dos pilares da atual gestão.
Publicada nesta quarta-feira (1º/11), a reportagem abriu a cobertura especial do veículo dedicada ao mês da Consciência Negra. O texto destacou as visões e ações de Almeida, primeira mulher negra a ser presidente interina da secional paulista, em prol de uma instituição mais ampla e representativa.
Na oportunidade, ela lembrou da necessidade de se reconhecer a advocacia como profissão de todas as classes e raças, de diferentes gêneros e de democratizar o sistema de justiça para que a justiça brasileira não seja enviesada.
Por exemplo, a constatação de que o sistema de Justiça, como foi tradicionalmente pensado, é feito por pessoas que são muito diferentes do perfil de boa parte da população brasileira.
“Por isso que não resolve, porque ele não é pensado, interpretado e nem aplicado por todos os gêneros e todas as raças, por isso é enviesado e por isso é preciso olhar para essa realidade para pensar o futuro do direito.”
A diretora lembrou que a mudança do regimento interno para tornar obrigatório que todas as 251 subseções no Estado tenham uma Comissão de Igualdade Racial é um dos exemplos do esforço da atual gestão da entidade para trazer maior representatividade a uma parcela da advocacia que, até então, era sub-representada.
Almeida ressaltou também que as cotas de gênero e raça permitiram que as diretorias das secionais e das subseções passassem a ser o retrato da advocacia brasileira.
Dione Almeida foi ainda relatora do voto para instituir a premiação Medalha Esperança Garcia, que materializa o reconhecimento da mulher negra Esperança Garcia como a primeira mulher advogada do Brasil.
E, recentemente, durante sua presidência interina, em julho, atuou para a secional paulista instituir a Medalha Tereza de Benguela – Tereza foi líder do Quilombo do Quariterê, no século XVIII, e é um símbolo de liderança e empoderamento para as mulheres negras na história do Brasil.
Na entrevista, a advogada contou que sua tese de doutorado tem como objeto as cotas para quebra de estereótipos e inclusão da mulher no mercado de trabalho, e reforçou que existe ainda um longo caminho para se alcançar a equidade.
Como declarou à Folha de S.Paulo: “Os desafios na profissão por ser mulher e negra são diários, e, quando entrei na sede da seccional paulista, não havia mulheres negras no andar da diretoria nem na recepção. Só na limpeza, que é terceirizada. Quando assumi o cargo de secretária-geral adjunta, em 2022, foi a primeira vez que as funcionárias da limpeza viram uma mulher parecida com elas em um cargo de liderança”.