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ESG não é só para escritórios grandes, defende especialista

By 19 de setembro de 2023setembro 20th, 2023No Comments
ESG

Em painel na Conferência Regional da Advocacia em Santos, Ligia Maura Costa diz que adoção de práticas de governança podem cortar custos causados pela corrupção no Brasil

A adoção de práticas de integridade social, ambiental e de governança, da sigla ESG, nas práticas empresariais e de investimentos não apenas gera ambientes mais justos e humanos, mas pode ter também efeitos financeiros, com redução parcial ou total dos custos adicionais da corrupção no Brasil, estimados em 20%.

A afirmação é da advogada Ligia Maura Costa, também professora titular na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), no Departamento de Fundamentos Sociais e Jurídicos. Ela falou durante a 11ª Conferência Regional da Advocacia de 2023 (CRADV23) em Santos, reunindo as 12 subseções que compõem a segunda região administrativa da entidade paulista.

“É difícil falar de integridade e práticas de boa governança em um país que tradicionalmente tem problemas sistêmicos, mas é possível mudar. Basta querer”, disse Costa.

A especialista trouxe três aspectos para provar os motivos pelos quais a promoção da integridade e da governança deve interessar a todos e todas. O primeiro aspecto é o financeiro, porque, segundo ela, quando se faz o que é certo, se evita perder mercado e tomar multas. O segundo aspecto é o reputacional.

“Criar reputação demora milênios, destruir a reputação demora segundos”. Por fim, do aspecto comercial, seu ponto de vista é que as falhas na integridade elevam custos e diminuem a clientela.

Além disso, a promoção da integridade e governança corporativa também é importante, porque faz parte dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Os ODS compõem uma agenda mundial para a construção de políticas públicas que possam guiar a humanidade até 2030. O Brasil está muito longe ainda da implementação desses ODS, infelizmente”, lamentou a advogada.

Costa trouxe um histórico do ESG desde a época em que a sigla usada era a CRS, referente ao código de Conduta e Responsabilidade Social. Se antes o entendimento de CRS era muito ligado à filantropia, em 1987 um relatório criado em uma conferência da ONU em Estocolmo trouxe, pela primeira vez, a ideia de sustentabilidade como aquilo que atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender suas próprias necessidades.

Durante sua explanação na Conferência, Costa apresentou o manual de Direito, Governança e Integridade, criado pela Comissão de Governança e Integridade da OAB SP, da qual é presidente, para auxiliar a advocacia unipessoal, pequenos e médios escritórios com temas de governança e integridade.

+ Leia também: Universo OAB SP existe para apoiar advogados autônomos e de pequenos escritórios, diz Patrícia Vanzolini

“Nosso trabalho é facilitar a vida. Cada vez mais as empresas vão começar a exigir, e não só as empresas privadas, que os pequenos e médios tenham alguns padrões de governança e integridade. Essa é a razão de ser do material”, explicou. O download gratuito do manual pode ser feito aqui.

“Com o decorrer do tempo, um escritório com uma postura íntegra promove um tipo de escudo, porque todo mundo sabe que trabalha com integridade e ninguém vai querer fazer uma proposta totalmente indecente”, afirmou a professora. 

Costa concluiu que a cultura de integridade vai além do cumprimento de normas e regras, é uma mudança comportamental que gera lucros a longo prazo. “Esse é o caminho que nós podemos seguir para fazer do país um lugar melhor, se não for para a nossa geração, que pelo menos seja para os nossos filhos e netos”, finalizou. 

11ª Conferência Regional da Advocacia de 2023 (CRADV23)

AOAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo) realizou em Santos, no dia 15 de setembro, a 11ª Conferência Regional da Advocacia de 2023 (CRADV23).

O evento aconteceu na Unisanta – Universidade Santa Cecília, das 8h às 18h30, com a participação de 12 subseções: Bertioga, Cubatão, Guarujá, Iguape, Itanhaém, Jacupiranga, Miracatu, Peruíbe, Praia Grande, Registro, Santos e São Vicente. 

Em um novo formato, promovida pelo Universo OAB SP – composto pela Ordem paulista, suas subseções, Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo (CAASP), Escola Superior da Advocacia (ESA) e OABPrev-SP –, a Conferência teve discussões voltadas à transformação do mercado jurídico e das relações sociais, em especial, com o advento de novas tecnologias, fomentando outras formas de trabalho.

Ao todo, serão 14 Conferências por todo o Estado, mais de 220 palestrantes e sete “trilhas de aprendizagem” para diversos públicos do universo jurídico: advogados e advogadas, jovem advocacia, estudantes de Direito, além de diretores e colaboradores da Ordem. Nas dez edições anteriores (Jundiaí, Guarulhos, Osasco, São Carlos, São Caetano do Sul, São José do Rio Preto, Leme, Presidente Prudente, Sorocaba e Bauru), a CRADV23 reuniu mais de seis mil participantes. Os três últimos encontros serão em Ribeirão Preto (6/10), São José dos Campos (29/10) e São Paulo (16 e 17/11).