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XI Prêmio Benedicto Galvão da OAB SP celebra a união dos movimentos negros em prol de uma sociedade antirracista

By 25 de novembro de 2022No Comments

Entrega da premiação encerrou o I Congresso Estadual da Advocacia Negra

A Ordem dos Advogados do Brasil seção São Paulo (OAB SP) anunciou ontem (24) os homenageados da XI Edição do Prêmio Benedicto Galvão, na sede da entidade, na Capital paulista. O prêmio foi entregue no encerramento do I Congresso Estadual da Advocacia Negra (Cedan), organizado pela Comissão da Igualdade Racial da OAB SP. Ao todo, três projetos foram selecionados pela referência na promoção de oportunidades para à população negra.

Durante a premiação, estiveram presentes a presidente da OAB SP, Patricia Vanzolini; o conselheiro secional e presidente da Comissão permanente de Igualdade Racial, Irapuã Santana; a vice-presidente da Comissão de Igualdade Racial, Caroline Ramos dos Santos; e a secretária-executiva adjunta de Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania do Município de São Paulo, Elise Lucas Rodrigues.

O primeiro projeto homenageado foi o Black Sisters in Law, iniciativa comprometida com a conexão, promoção e crescimento de advogadas negras atuantes nas mais diversas áreas do Direito, no Brasil e em todo o mundo. O projeto visa conectar profissionais negras por meio de uma associação global de mais de mil advogadas.

Quem recebeu a láurea em nome do Black Sisters in Law foi Dione Assis. A responsável pela iniciativa destacou a importância do trabalho em grupo: “A premiação é a comprovação de que quando a mulher negra se une, nada é capaz de nos parar. Temos pouco mais de cinco meses e já impactamos tantas colegas que fazem parte do projeto. Esse prêmio é de todas que estão aqui e das que que não conseguiram participar, mas que fazem parte diariamente dessa conexão. Quero agradecer, em nome das integrantes do grupo, pois foram elas quem vencerão”.

A outra premiada foi a advogada, consultora jurídica, ativista pelos direitos da população negra, cofundadora do Instituto da Advocacia Negra Brasileira (IANB) e presidente da Comissão de Igualdade Racial da Subseção do Jabaquara, Yhannath Hilda Dias Vargas Silva. A advogada Claudia Luna recebeu a premiação em nome dela, que não pôde comparecer. Em vídeo, Yhannath afirma que se sentiu muito honrada em receber o prêmio, pois é o reconhecimento do trabalho desenvolvido nas escolas, por uma educação antirracista.

A última homenageada da noite foi a Associação Nacional da Advocacia Negra. Projeto idealizado por Estevão Silva, em 2012, que estuda as dificuldades que negras e negros enfrentam no exercício da profissão, para que a advocacia negra não continue sendo ignorada e desrespeitada. “Sempre sonhei com esse prêmio. A associação luta primordialmente pela advocacia, mas também pela sociedade. É o fruto do trabalho de muitos”, ressaltou Silva.

O Prêmio Benedicto Galvão foi instituído em 2012, sob a chancela do Conselho Secional, homenageando o primeiro presidente negro da OAB SP, Benedicto Galvão, que ocupou o cargo entre 1940 e 1941. O objetivo da premiação é enaltecer o trabalho daqueles que, como Galvão, perseveram na luta em favor da equidade e da cidadania, seja com ações afirmativas, seja com políticas públicas ou privadas de inclusão social, em prol da manutenção das liberdades e preservação dos valores democráticos.

I Congresso da Advocacia Negra

Entre os dias 21 e 23 de novembro, a Comissão de Igualdade Racial realizou o I Cedan, com o objetivo de combater o racismo, com trocas de experiências, fomento aos estudos e produção científica. Segundo Santana, um dos meios de enfrentamento ao racismo é colocar em prática o que lhes foi negado, de modo secular.

Outro propósito do evento foi fomentar o surgimento de pesquisadores negros, por meio divulgação de um edital de chamamento público para inscrições de trabalhos a respeito de diversas áreas do Direito. Segundo Santana, “é preciso relembrar o passado ainda visível e concreto que reflete na desigualdade racial, com consequências nas oportunidades, na linha de chegada e perpassa todo o caminho percorrido pelo povo negro. É nesse sentido que foi desenhado o I Cedan, projeto que tem como objetivo redefinir os parâmetros de referência da sociedade quando se trata da população negra”.

Patricia frisou a emoção de estar no encerramento de um congresso inédito, cumulado com a entrega do prêmio, que já é tradicional. “Quero agradecer o Irapuã Santana, eleito para carregar nesta gestão essa bandeira, que já foi carregada por tantas mãos. O importante é não perder de vista esse fio da continuidade que une o passado mais remoto e, muitas vezes, o mais trágico, mas também o mais pujante, mais forte, de resiliência, que nos trouxe até aqui e nos levará para muito mais longe. Neste momento, somos nós quem carregamos essa bandeira, e pretendemos fazer isso com todo o nosso amor, energia e empenho. Fico muito feliz de levá-la na presença de muitos que nos antecederam. Agora, que estamos aqui, podemos fazer um congresso ainda maior. Com esta gestão, quero que tenham a certeza absoluta do nosso compromisso em promover a igualdade, e que, um dia, não precisemos pensar sobre esse assunto, mas enquanto precisarmos não vamos tirar o pé do acelerador”, declarou a presidente da OAB SP.

Patricia ressaltou que, pela primeira vez na história da Ordem paulista, a lista sêxtupla do Quinto Constitucional foi composta segundo critérios de paridade de gênero e cotas raciais: “Sabemos que temos muitas pessoas de qualidade para preencher essas vagas. Que a gente difunda essa ideia e que a gente nunca deixe de crescer e ocupar esses espaços”.

Santana encerrou o evento anunciando a Feira de Inclusão, Empregabilidade e Capacitação da população negra, que será realizada na sede da Secional, entre os dias 7 e 8 de dezembro. “Estamos batendo de porta em porta para uma vaga de trabalho e bolsas de estudos e já conseguimos algumas. Teremos oficinas de como elaborar currículo, como fazer seu netwotking e sessões de mentoria com grandes nomes, como por exemplo, o ministro Luís Roberto Barroso, Eduardo Gianetti, Eunice Prudente, Carlos Ayres, Carlos Ari Sundfeld. A ideia é fazer conexão com pessoas que nunca se encontrariam. Estamos imbuídos em trabalhar para a advocacia e para a sociedade brasileira”, conclui o presidente da Comissão de Igualdade Racial.

Crédito das fotos: Ricardo Bastos