A Secretária-Geral Adjunta da OAB São Paulo, Dione Almeida, e Naylla Costa, Vice-Presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB Santos, estiveram na sede do Grupo A TRIBUNA de Comunicação. Entre outros assuntos, destacou-se a necessidade da mulher em ocupar espaços de poder
Almeida é a segunda mulher preta a ocupar um cargo na diretoria executiva da maior secional do país. Antes dela, Eunice Prudente foi diretora da ESA – OAB SP (Escola Superior de Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo) entre 2007 e 2009 em mais de 90 anos de instituição. Apenas em 2021, foi eleita a primeira mulher presidente da história da entidade, Patricia Vanzolini.
Para a Secretária-Geral Adjunta da Seccional, a identificação da mulher preta com estes espaços começa a partir da escola: “até algum tempo, a criança preta não se via/reconhecia na função de professora, na diretora ou na inspetora de alunos. A mulher preta era a ‘tia’ que ficava na cozinha ou varrendo o pátio”.
Em sua experiência pessoal, embora incentivada a estudar sempre, relata que, na graduação, no Mestrado e, agora, cursando o Doutorado, Dione não teve professoras pretas.
“O que estamos vivendo em 2022 é a reponsabilidade de não apenas ocupar espaço, mas sim, possibilitar que outras mulheres negras possam vir a ter melhores condições de vida, mais igualdade de chances e mais oportunidades de se realizarem nesses espaços de poder e decisão, como é tradicionalmente a OAB. É muito bom ver o trabalho dessas meninas, jovens advogadas, como a Naylla, até para saber a quem passar o bastão, quando for o momento”, afirma Dione.
Empoderamento e visibilidade
Naylla Costa, Vice-Presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB Santos, comentou o evento realizado, dia 29, em comemoração ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha: “uma data que é marco internacional da resistência da mulher negra”.
“Ao mesmo tempo que o evento buscou dar visibilidade à luta, às ações, promoção e a valorização da identidade da mulher negra brasileira, entendemos ser necessário ampliarmos parecerias, pois só podemos falar em empoderamento feminino quando todas as mulheres, independentemente de cor, de raça, de idade, tiverem respeitadas suas diferenças e se unirem para que sejam rompidas barreiras históricas de opressão e de desigualdade”, afirma Naylla.
A vice-presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB Santos também destaca que “as pautas raciais não devem ser fechadas, única e exclusivamente, para as mulheres negras. É necessário que haja uma interação de toda a sociedade, inclusive, de todas as mulheres. Nesse sentido, o evento foi muito positivo. Tive retorno muito positivo dos temas discutidos, principalmente do empoderamento jurídico, sobre a trajetória de advogadas negras na advocacia pública e privada. Suas histórias de vida conseguiram impactar bastante, porque tocaram na opressão de ser mulher, de ser mulher negra e como confrontar isso”, finaliza.