Desde 2014 o mês de dezembro tem como símbolo a cor laranja, um chamado à prevenção do câncer da pele, doença de alta incidência no Brasil. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que, de 2020 a 2022, o país registrará 83.770 casos de câncer de pele em homens por ano, e 93.170 em mulheres. A exemplo do que faz com outros temas de saúde, como o Outubro Rosa e o Novembro Azul, a Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo (CAASP) engaja-se na Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele – o Dezembro Laranja.
“O câncer de pele tem incidência elevada e, detectado e tratado tardiamente, pode evoluir para outros tumores muito graves. Todo cuidado é pouco, quanto à exposição aos raios solares”, afirma a presidente da CAASP, Adriana Galvão. “A Caixa de Assistência engaja-se no Dezembro Laranja mediante forte ação informativa, ao longo de todo o mês. Vamos estar atentos e proteger nossa família”, complementa ela.
Segundo especialistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia, existem três tipos de raios na estratosfera que atingem a nossa pele: o ultravioleta A (UVA), o ultravioleta B (UVB) e o ultravioleta C (UVC). Tanto o UVA quanto o UVC são raios de ação constante na pele. Já o UVB incide mais entre 10h e 15h, sendo o maior responsável por casos de câncer de pele. Por essa razão é que se pede às pessoas para tomarem sol antes e depois dessa faixa de horário. Isso não quer dizer que o UVA e o UVC não podem causar câncer de pele – eles também podem ter esse efeito, mas, em geral, o que provocam é o envelhecimento da pele.
No caso das crianças, o cuidado deve ser redobrado. Uma criança não é um adulto em miniatura – é mais sensível, suas células são mais facilmente lesadas.
O envelhecimento precoce da pele é outro fator negativo da exposição ao sol, além do câncer. A radiação ultravioleta danifica o DNA, enfraquecendo a resposta imune da pele. Os efeitos disso são sardas, melasmas (manchas escuras na pele), herpes. Porém, a exposição ao sol não é de todo ruim. Nas crianças, é fundamental para o desenvolvimento dos ossos, e, nos adultos, na prevenção do raquitismo e da osteoporose. Além disso, o sol influencia diretamente o humor e o contato com seus raios tem ação antidepressiva. Estudos indicam que os países muito ao norte são recordistas em suicídio pela baixa incidência de sol. É preciso, portanto, saber expor-se ao sol sem risco.
A exposição ideal – aquela em que nem o filtro solar precisaria ser usado – é pela manhã, bem cedo, em torno de 15 a 30 minutos por dia. A questão é que as pessoas não ficam só 30 minutos debaixo do sol, mas fazem uma série de atividades que as expõem por mais tempo e em horários inapropriados, o que demanda o filtro solar.
Os últimos estudos da área mostram que para que não ocorra um dano celular na pele capaz de gerar câncer é necessário fazer uso de um protetor de, no mínimo, fator 30, com aplicações a cada duas horas. Isso para adultos. Crianças com menos de um ano só podem tomar banho de 15 minutos, recomendado por pediatra, visando o desenvolvimento dos ossos. Porém, se ultrapassar esses minutos, o bebê pode desidratar e, em casos extremos, morrer.
Hoje, sabe-se que a luz visível (toda aquela que enxergamos a olho nu, como as emitidas pelas lâmpadas artificiais, celular, televisão e computador) e o infravermelho também têm ação na pele. No caso de cânceres, as pesquisas ainda não são totalmente conclusivas. É por isso que os filtros solares, em maioria, têm cor. A cor é o único fator capaz de bloquear certos tipos de luz. Um filtro fator 30 tem 92,5% de proteção contra o sol. Um filtro fator 50 tem 95% de proteção. Pode-se pensar que não vale a pena pagar mais caro pelo protetor fator 50, afinal, são só 2,5% a mais de proteção. Só que, depois de duas horas, o fator 50 passou a ser fator 30. Já o fator 30, passou a ser 15. O filtro 100, daqui a duas horas, virou 50. Depois de quatro horas, tornou-se fator 30. Isso acontece por causa da transpiração do corpo – não existe filtro à prova d´água, mas mais ou menos resistente à água. Para que um filtro 50 tenha fator 50, de fato, é necessário passar no rosto, por exemplo, uma colher de chá do produto, deixando o rosto branco. Por causa disso, as pessoas não passam a quantidade ideal, diminuindo o fator de proteção. Na praia e dentro d’água, a pessoa acredita que está protegida do sol. Mas os raios solares alcançam meio metro de profundidade, então, mesmo dentro d´água, o banhista está sendo atingido. Outra informação importante: a areia da praia reflete o sol. Banhistas também devem saber que roupas UV têm uma trama de fios tão fechada que impede os raios do sol de chegar na pele, e a roupa escura reflete de volta o sol. Além disso, óculos de sol como proteção são fundamentais, porque o olho também pode vir a desenvolver câncer de pele, principalmente o do tipo melanoma, que é o mais grave.
Ao sol, ainda é importante evitar o consumo de limão, abacaxi, perfumes e maquiagem. Essas substâncias são fotossensíveis e, quando entram em contato com a pele e expostas ao sol, permanecem por até seis horas.
Dentre os cânceres de pele induzidos pelo sol há o carcinoma basocelular, que é um dos mais frequentes, e que tem uma malignidade local; o carcinoma espinocelular, que já é mais agressivo, só que curável, desde que diagnosticado precocemente; e o melanoma, que é um tumor maligno, também induzido pelo sol, mas que tem como característica a prevalência genética familiar. Por isso, o melanoma costuma derivar de pintas pré-existentes, não necessariamente expostas ao sol. Esse tumor tem cinco estágios e se desenvolve muito rápido. Nos estágios um e dois, há chances de cura de 70%. No três, as chances já diminuem para 50% e, então, só tendem a cair mais, daí a importância do diagnóstico precoce.