Com o aumento de casos de arrastões em condomínios, a Comissão de Direito Condominial da OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo) reuniu especialistas para dar dicas de segurança para quem trabalha na área.
Não é só tirar proveito de novas tecnologias e garantir um bom treinamento aos seguranças. Para os participantes do Fórum Segurança em Condomínio o respeito mútuo entre moradores e funcionários é a melhor forma de prevenir invasores. A conversa foi mediada por Rodrigo Karpat, presidente da Comissão de Direito Condominial da OAB SP.
“Um porteiro que decide abrir a porta para pegar uma encomenda muito grande, apesar de não ser regra do condomínio, faz isso por medo de ser advertido pelo morador que já reclamou sobre a norma”, exemplifica Samuel Pereira, diretor comercial da empresa Haganá e autor do livro “Condomínio Edilício – Um Estilo de Moradia”.
Segundo o especialista, 50% dos arrastões, que são o crime mais comum ultimamente, têm como ponto de invasão a entrada dos carros, 40% ocorrem pela porta de pedestres e os demais pela invasão de perímetro – quando é possível pular grades e muros. “Em todos os casos, a guarita é dominada pelos criminosos para que eles tenham acesso total ao prédio”, explica Pereira.
O delegado Vinicius Nogueira concordou que a falta de colaboração de condôminos é um dos principais entraves para garantir a segurança residencial. “Sempre digo que é preciso escolher entre a segurança total e o conforto. Os dois nunca serão possíveis”, afirmou o policial.
Ele narra que em um caso recente, criminosos conseguiram um acesso mais fácil pela portaria de serviço, pois sabiam que não haveria câmeras. “A decisão dos moradores foi não colocar vigilância nesse setor porque eles não queriam ser vistos de robe ao executar tarefas do dia a dia, como tirar o lixo para fora”, relatou Nogueira.
Ter sistemas eficientes de segurança e treinamento adequado aos funcionários também são primordiais. “Um exemplo que tenho foi o de um porteiro bem treinado e engajado, que percebeu oficiais de justiça falsos pelo jeito de falar e pela pintura da viatura, que era malfeita”, relatou o delegado Maurício de Thomazi.
Uma das ferramentas mais úteis para inibir furtos e roubos, segundo Nogueira, é o registro da foto do visitante. “A maioria dos criminosos desiste dos prédios com reconhecimento facial porque sabe que terá o seu registro”, afirma o delegado. Esse método ajuda, inclusive, a inibir quem aluga um apartamento por temporada com a tentativa de cometer o crime, já que ele não quer ter a sua identidade gravada.
Ele entende que há resistência dos moradores de ter imagens de parentes e amigos catalogadas. “Basta fazer com que o processo seja transparente, com as imagens guardadas fora de uma rede e de forma criptografada, não são iniciativas caras”, diz Nogueira.
Como o vai e vem de pessoas é muito grande em condomínios, quanto mais ferramentas de inibição, melhor. “Eles vão tentar em um prédio, se não conseguirem, vão para o próximo da rua até encontrar alguma falha”, relata Nogueira.
Outro ponto que ajuda a fazer o invasor pensar duas vezes é a portaria com clausura, porque acaba sendo mais uma etapa para o criminoso conseguir entrar. O bom uso de câmeras é outra característica que depende de pouco investimento, mas de uma boa estratégia.
“Não adianta ter 400 câmeras, porque o porteiro não vai dar conta. Melhor ter 20 bem posicionadas”, afirmou Nogueira.