Skip to main content
CarrosselNotícias

Advocacia deve ver IA como aliada na produtividade, diz presidente de Comissão da Advocacia Empresarial

By 30 de novembro de 2023No Comments

Em entrevista, Armando Luiz Rovai destaca alternativas de uso da inteligência artificial no meio jurídico, como no uso de estatística para parametrizar decisões ou antever resultados

A tecnologia no exercício do Direito deve ser uma aliada de advogados e advogadas para aumentar a produtividade. É o que afirma o presidente da Comissão Especial da Advocacia Empresarial da Ordem dos Advogados do Brasil seção São Paulo (OAB SP), Armando Luiz Rovai. Em entrevista, o presidente abordou a revolução digital e seus impactos no campo jurídico e na advocacia empresarial.

Um exemplo de tecnologia que vem impactando o direito de maneira irreversível, diz Rovai, é a utilização da estatística para parametrizar casos análogos julgados pelo poder Judiciário, prever resultados de decisões ou mesmo definir prioridades de processos pelo Judiciário.

Ele menciona também o Marketplace de Lawtechs, plataforma online com oferta de serviços digitais selecionados pela OAB SP, como uma alternativa entre as novas ferramentas que otimizam rotinas de trabalho em escritórios e entre profissionais autônomos.

“A incorporação de ferramentas mecanizadas no dia a dia do advogado e dos escritórios, tendo como principal foco a facilitação de processos burocráticos e repetitivos, permite que os profissionais realizem tarefas com maior velocidade e eficiência, além de possibilitar um controle maior sobre diversos processos”, opina Rovai.

O presidente da Comissão aponta ainda que para ganhar eficiência e prospectar mais serviços, é recomendado aos profissionais do direito um bom domínio da computação e de técnicas visuais de arquivos e petições, bem como conhecimento das plataformas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT. Além disso, segundo Rovai, a inteligência artificial promove maior previsibilidade em algumas situações e, consequentemente, mais segurança jurídica.

+Leia também: Inteligência artificial permite a advogados prever decisões e abre possibilidades de carreira

Confira a íntegra da entrevista a seguir:

Quais são os principais temas e desafios da Comissão da Advocacia Empresarial da OAB SP neste momento?

A atualização dos temas negociais e seus impactos na vida do advogado dedicado ao direito de empresa.

Qual sua avaliação a respeito do momento atual do mundo, sob uma perspectiva da advocacia empresarial?

Um mundo de mudanças e cheio de desafios. Somente com estudo, esforço e empenho é possível se manter competitivo na profissão. A constante leitura de temas atuais, a revisitação dos clássicos e a manutenção de condutas idôneas e honestas são fundamentais para se manter no mercado.

Como o Sr. avalia a incorporação de tecnologias em sua área de atuação?

No âmbito do Direito, podemos observar que a tecnologia jurídica vem ganhando cada vez mais força. Nota-se que essa denominação é o nome trazido à incorporação de ferramentas mecanizadas no dia a dia do advogado e dos escritórios, tendo como principal foco a facilitação de processos burocráticos e repetitivos.

Tais inovações permitem que os profissionais realizem tarefas com maior velocidade e eficiência, além de possibilitar um controle maior sobre diversos processos.

Ainda, o uso da informatização e da inteligência artificial permite um trabalho mais efetivo, pontual, célere e abrangente, ou seja, propiciando que um advogado gerencie um maior número de processos com tranquilidade.

Por fim, o mercado encontra-se, em tese, relutante com a adoção da inteligência artificial, considerando-a uma vilã dos postos de trabalho ocupados por humanos, porém o correto é que a mesma seja vista e tratada como uma aliada para a produtividade.

Pode citar um exemplo de inovação que identificou na sua área e te surpreendeu?

Um exemplo de tecnologia que vem impactando o Direito de maneira irreversível é a utilização da jurimetria para a parametrização dos casos análogos julgados pelo Poder Judiciário.

Destaca-se que se tem realizado um estudo estatístico do Direito com o auxílio da inteligência artificial, promovendo uma maior previsibilidade do cenário jurídico e, consequentemente, uma maior segurança jurídica.

Em termos de visão de futuro, que áreas do direito o Sr. acredita que possam sofrer maior influência da inovação tecnológica na prática e nos processos?

Segundo pesquisa recente elaborada pelo portal Justiça Digital, a inteligência artificial deve ser utilizada predominantemente nas seguintes áreas:

  1. i) Na área criminal, digital e bancária por meio de softwares e ferramentas criadas para inibição de fraudes e investigação de fraudes;
  2. ii) Na área contratual, promovendo análise de documentos e contratos;

iii) Na área processual, promovendo a análise pormenorizada de decisões e realizando um estudo estatístico do direito;

  1. iv) Na área pública, através de softwares de análise de risco, definindo quais casos devem ser julgados prioritariamente e quais podem aguardar o desencadear natural do processo, como já ocorre nos Estados Unidos da América, através dos sistemas Public Safety Assessment e do Correctional Offender Management Profiling for Alternative Sanctions.

Qual a sua recomendação para a advogada ou o advogado que queiram obter mais informações confiáveis sobre o tema de inovação no meio jurídico?

Os advogados que desejam se manter antenados com essas inovações devem buscar conhecer as startups jurídicas registradas perante a Ordem dos Advogados do Brasil, bem como cursos de atualização voltados à gestão de negócios e inovações.

Essas pesquisas podem ocorrer junto às Universidades, bem como a Ordem dos Advogados do Brasil, sites e noticiários.

Que habilidades o Sr. recomenda aos advogados para se beneficiarem da inovação? Por exemplo, é recomendável aprender sobre programação?

O advogado que deseja utilizar a inteligência artificial para melhorar sua produtividade e prospectar mais serviços deve ter um bom domínio da computação, técnicas visuais de arquivos e petições, bem como conhecimento das plataformas de inteligência artificial, a fim de promover uma maior celeridade e eficiência dos processos.

*Armando Luiz Rovai é presidente da Comissão Especial da Advocacia Empresarial. É doutor pela PUC SP. professor da PUC SP e do Mackenzie. Foi Secretário Nacional do Consumidor SENACON. Foi presidente da Junta Comercial do Estado de São Paulo por 4 mandatos. Foi presidente do Ipem/SP.

+Leia também: Entrevista: direito desportivo é um campo de oportunidades