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Secretária-geral adjunta da OAB SP defende reestruturação dos tribunais de ética em painel sobre assédio

By 15 de março de 2024No Comments

Dione Almeida participou de painel sobre assédio na IV Conferência Nacional da Mulher Advogada, em Curitiba

O assédio é uma realidade no Brasil, uma violência que atinge mulheres em diferentes níveis, inclusive advogadas. Tanto que o assédio moral, o assédio sexual e a discriminção foram incluídos no Estatuto da Advocacia no ano passado como infrações ético-disciplinares. Mas a punição de assediadores ainda é um desafio.

O tema foi debatido pela secretária-geral adjunta da OAB SP (Ordem dos Advogados do Brasil Seção São Paulo), Dione Almeida, em um painel, nesta quinta-feira (14), na IV Conferência Nacional da Mulher Advogada. O painel foi presidido por Katianne Aragão (conselheira federal/CE), com relatoria de Rachel Moreira (conselheira federal/AL), secretaria de Mariana de Assis Abreu Silva (tesoureira adjunta da OAB AP) e participação das palestrantes Melina Fachin (membro consultora da Comissão do Pacto Global), Luciana Veloso Baruki (auditora do trabalho), além de Dione Almeida.

Secretária-geral adjunta da OAB SP, Dione Almeida, debateu sobre o assédio às mulheres na Conferência Nacional da Mulher Advogada

A secretária-geral adjunta da OAB SP  levou para o debate o recorte de raça e gênero. “O assédio é uma infração ética, mas gênero e raça – esses dois grandes obstáculos para que a gente fale, decida, mande – também são obstáculos para a própria percepção do assédio”, ressaltou Dione Almeida. “Nós temos que pensar que gênero e raça não ficam somente no campo material, eles alcançam o processo de ética disciplinar desde a instrução. E são dois grandes obstáculos para que a gente possa punir, de fato, o assediador”, completou.

Dione Almeida propôs uma reflexão sobre a composição dos Tribunais de Ética e Disciplina (TED). Ela lembrou que, desde 2022, o TED da OAB SP segue regras de paridade de gênero e de equidade racial entre seus integrantes. “Será que numa instrução, num procedimento ético-disciplinar, em um TED composto por homens, numa infração que não deixou vestígio porque aconteceu em lugar mais reservado, a gente vai conseguir provar um assédio?”, questionou.

A secretária-geral adjunta da Secional também apontou soluções para o problema. A primeira passa pela conscientização das mulheres advogadas: “As pessoas assediadoras são sorrateiras. A gente tem que educar nossas advogadas explicando como o assédio acontece hoje.” Outra solução passa pela reestruturação dos TEDs, com regras de paridade de gênero e de equidade racial. Por fim, ela sugeriu um letramento dos membros dos TEDs, para julgarem com perspectiva de gênero e raça. 

“Essas pessoas que atuam nos TEDs são imparciais, mas não são neutras. Elas carregam todas as personificações, vieses inconscientes com elas, e isso vai nos desfavorecer na hora de tentarmos fazer com que um assediador seja efetivamente punido”, finalizou Almeida.

Sobre a IV Conferência Nacional da Mulher Advogada

Com o tema central “Evolução e Protagonismo”, este grande encontro da advocacia feminina é realizado pelo Conselho Federal da OAB, por meio da Comissão Nacional da Mulher Advogada (CNMA), nos dias 14 e 15 de março, em Curitiba (PR). O objetivo da Conferência é debater as principais bandeiras do universo feminino frente aos desafios da advocacia contemporânea.

Oito lideranças femininas da OAB SP participam dos painéis e reuniões da Conferência: a presidente Patricia Vanzolini; a secretária-geral Daniela Magalhães; a secretária-geral adjunta, Dione Almeida; a presidente da Comissão das Mulheres Advogadas, Isabela Castro; a presidente da CAASP (Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo), Adriana Galvão; e as conselheiras federais Alessandra Benedito, Daniela Campos Libório e Silvia Souza.

Nos dois dias de evento, serão realizados 26 painéis sobre temas relevantes para a classe, como prerrogativas da mulher advogada, comunicação persuasiva, marketing jurídico, uso da inteligência artificial na advocacia, mulher na política eleitoral constitucional, reforma tributária, trabalho de cuidado e invisibilidade, gestão de escritório, assédio, etarismo, lawfare de gênero, enfrentamento ao racismo, novos nichos de mercado, governança e ESG, entre outros. 

Também estão programadas oficinas para aprendizados práticos em diferentes áreas, como advocacia criminal, carreiras jurídicas, advocacia com perspectiva de gênero, advocacia trabalhista, sustentação oral, direito das famílias, liderança e precificação de honorários.