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Saúde mental: oito dicas para controlar a ansiedade

By 15 de setembro de 2022No Comments
Saúde mental: oito dicas para controlar a ansiedade

Em um grau incomum, as pessoas estão cansadas. A constatação é da psicoterapeuta americana Lesley Alderman, em artigo publicado no jornal The Washington Post* e reproduzido por O Estado de S. Paulo, no dia 14 de setembro. Como peça adicional à Campanha de Saúde Mental 2022, em curso em todo o Estado (leia aqui), a Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo (CAASP) reproduz nas linhas a seguir percepções e conselhos da especialista para lidarmos melhor com os desafios emocionais do nosso tempo, conforme publicado no periódico paulista.

Em “oito maneiras de se sentir menos ansioso diante de situações fora do seu controle”, Lesley discorre sobre o que tem chamado de “fadiga da esperança”: um déficit de otimismo e uma sobrecarrega de problemas que fogem ao controle individual e provocam sentimentos de ansiedade, desligamento da realidade ou a desistência completa da vida.

“As pessoas estão cansadas de esperar que a pandemia chegue ao fim, que a guerra na Ucrânia acabe, que as mortes por tiroteios possam ser controladas e que o governo possa abordar todas essas crises urgentemente”, observa ela.

A psicoterapeuta afirma que a hiperinformação e a total incerteza a respeito dos rumos de cada aspecto da vida geram gatilhos para o desencadeamento de transtornos mentais. “Nossos sistemas nervosos simplesmente não foram desenhados para atender tantas crises ao mesmo tempo. Quando você retira a sensação de segurança de uma pessoa, a depressão e a ansiedade conseguem se estabelecer”, diz.

Tratar essa “fadiga da esperança” é um desafio, inclusive, para os médicos – que também são humanos. “É tentador querer lamentar junto com os pacientes ou sentir compaixão”, escreve Lesley, que sublinha: “Isso não é produtivo”.

Eis então alguns dos conselhos que a especialista dá aos seus pacientes no bairro do Brooklyn, na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, mas que servem a todos em qualquer lugar do planeta.

1- Dê um tempo do noticiário. O doomscrolling (termo em inglês que descreve a compulsão em deslizar a tela de tablets e smatphones atrás de notícias, em geral, negativas) pode ampliar a natureza trágica dos acontecimentos. No estudo Media’s role in broadcasting acute stress following the Boston Marathon bombings”, de 2013, pesquisadores descobriram que aqueles que mergulharam por horas, todos os dias, na cobertura do tiroteio na Maratona de Boston, na semana seguinte ao evento, sentiram um estresse agudo mais elevado do que os próprios indivíduos que estavam no local do atentado. O conselho de Lesley, portanto, é de que pessoas com ansiedade ou em depressão leiam notícias apenas uma vez por dia, que desliguem os alertas do telefone e, se possível, confiram as redes sociais esporadicamente.

2- Cuide de si mesmo. A psicoterapeuta costuma dizer aos seus pacientes que “é preciso estar em boa forma para lidar com as turbulências”. O que, em outras palavras, significa aumentar a resiliência ao cuidar do sistema nervoso (dormir bem, comer bem, se exercitar) e praticar atividades positivas.

3- Foque no presente. Pratique o hábito de se ancorar no aqui e agora. Desgastar-se sobre o futuro não ajuda.

4- Tente um exercício respiratório. Respirar fundo algumas vezes – por exemplo, inalar e exalar enquanto conta até cinco – acalma o sistema nervoso simpático (responsável pela resposta “ficar ou correr”) e diminui a ansiedade. A especialista lembra que a prática tem base científica e que, mesmo seus pacientes mais céticos, ao experimentá-la, relatam benefícios.

5- Pense nas suas vitórias. Lembre-se do que está funcionando bem na sua própria vida – seja seu emprego, amizades ou o animador arranjo de plantas que você regou e cresceu durante a pandemia da Covid-19.

6- Seja seu próprio terapeuta. Pergunte-se o que, especificamente, está te deixando sem esperanças e por quê? Colocar em palavras o que nos chateia ajuda a não sermos invadidos por emoções e permite processar a informação com mais racionalidade.

7- Tome uma atitude. Preocupar-se não ajuda a saúde mental de ninguém, mas, tomar uma atitude, sim. Observe as pessoas ao seu redor. Talvez, a praça do seu bairro poderia se beneficiar de uma quadra de basquete ou a sua congregação religiosa poderia ajudar a acolher uma família de refugiados. Segundo Lesley, quando as pessoas se envolvem em problemas locais, elas ganham uma sensação renovada de otimismo.

8- Junte forças com um amigo. A última dica da psicoterapeuta americana é: escolha uma causa. Há centenas de Organizações Não-Governamentais dedicadas a tratar alguns dos maiores e mais persistentes desafios no planeta. Doe dinheiro para uma organização que te inspire ou seja voluntário.

Uma orientação bônus dela aos leitores do Washington Post vem do professor de Psicologia da Universidade de Oregon, Paul Slovic, que há 60 anos estuda o risco e a tomada de decisões. Ele recomenda: “Pense mais no que você pode fazer do que naquilo que não pode fazer”.

 

*Leia o artigo original em inglês aqui.