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CAASP prepara nova ‘Campanha de Saúde Mental’

By 25 de julho de 2022julho 27th, 2022No Comments
CAASP prepara nova 'Campanha de Saúde Mental'

O distanciamento social e o trabalho remoto, aliados ao medo de ficar doente ou de perder algum ente querido foram fatores determinantes para aumento ou agravamento de perfis ansiosos e depressivos durante a fase mais aguda da pandemia da Covid-19. Aquela época, ainda tão recente, deixou sequelas, e a advocacia não passou imune.

O legado psicológico da hiperconectividade exigida pela pandemia pode ser catastrófico. Estudo da Digital Global Overview Report informa que, em 2015, as pessoas passavam 6 horas e 25 minutos por dia conectadas à internet, jornada que subiu para 7 horas diárias em 2021. No Brasil, estimam-se 10 horas de conexão diária para a população que possui smartphone.

Aquela necessidade de consultar o aparelho a todo momento, aquele ímpeto incontrolável de verificar notificações na hora do almoço ou de madrugada, tudo isso tem um nome: nomofobia – medo de ficar desconectado -, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria. A lista de problemas psicológicos decorrentes é extensa: irritabilidade, estresse, ansiedade, agressividade, dores de cabeça, má qualidade do sono, falta de concentração, entre outros.

“O WhatsApp é ótimo, o problema é a compulsão”, diz o psicanalista Luciano Elia, professor titular de psicanálise da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). “A hiperconectividade funciona como um rolo compressor agravado pela pandemia, mas que já existia antes dela. Para vencê-la, é bom que as pessoas adotem práticas culturais, como ler livros. Isso pode ser incentivado por meio de políticas de fomento à cultura”, propõe Elia.

Em boa medida, a pandemia deixa como um de seus tristes legados a necessidade mental de se relacionar virtualmente, às vezes, em detrimento do contato presencial. Diante dessa nova e difícil realidade, a Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo (CAASP) já prepara a Campanha de Saúde Mental da Advocacia 2022, cujos período e detalhes operacionais serão anunciados em breve.

“Nossas equipes técnicas estão desenvolvendo uma nova ação preventiva de saúde mental, a qual vai amparar o grande número de colegas que se veem com problemas psicológicos que podem parecer instransponíveis, mas que, com o atendimento adequado, são superáveis”, afirma o vice-presidente da CAASP, Domingos Stocco, responsável pela área de saúde da entidade.

Segundo a presidente da entidade, Adriana Galvão, “a CAASP vai fornecer meios de superação das condições psicológicas que afligem advogados e advogadas, profissionais cuja rotina, mesmo quando dentro da normalidade, é extremamente estressante”.

Cartilha

A Cartilha de Saúde Mental da Advocacia, editada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), inclui a hiperconectividade entre as condições psicológicas emergentes no contexto da pandemia e a relaciona com a chamada “fadiga das telas”, ou zoom fatigue, provocada pelo excesso de reuniões on-line.

As consequências psicológicas da pandemia, porém, vão muito além da hiperconectividade. O languishing é outra delas, a significar abatimento ou definhamento, caracterizado por uma sensação constante de vazio que antecede quadros depressivos mais graves.

O medo de adoecer gravemente ou mesmo de morrer, somado aos temores de ordem socioeconômica como perder o emprego e ficar sem trabalho, responde pelos incontáveis casos da chamada “paranoia pandêmica”, desencadeada pela percepção de ameaças ao nosso conforto e, enfim, à nossa vida. Trata-se de mais uma consequência comum da pandemia para a saúde mental, cuja evolução pode levar a graves quadros depressivos.